(scrolldown for english)
Começo com um pequeno prelúdio à Marginalia de hoje para conversar um pouco convosco sobre algumas mudanças que vou fazer. Desde que criei este espaço, e aqui falo do Cartas em geral e não apenas da marginalia, que me tenho vindo a adaptar a ele. Alguns ajustamentos aqui e ali, e com o passar dos meses começo a senti-lo à minha medida. Gosto que seja um espaço de correspondência e partilha, que passou a fazer parte integrante das minhas rotinas mensais e do meu trabalho. Neste momento é apenas aqui na Marginalia onde sinto algum desconforto. A minha experiência tem sido frutífera na prática de desenho, tenho explorado novos materiais, ideias, criado espaço todos os meses para desenhar de forma liberta, e tudo isso tem sido muito positivo, mas desde Janeiro que comecei a aperceber-me que 1 mês era um tempo demasiado curto para me dedicar a cada Marginalia. A prática de desenho é algo que necessita de tempo, exactamente porque é uma prática e tenho sentido que quando começo a estar à vontade com um material, por exemplo (aconteceu-me isso com as canetas de aparo e a tinta-da-china), a prática está a fluir, ideias e processos diferentes a surgirem, acaba o mês e começa outra Marginalia. É demasiado curto!
Preciso de mais tempo para desfrutar de cada Marginalia e poder aprofundar o que estou a explorar e por essa razão vou passar a fazer a Marginalia de 3 em 3 meses. Assim, esta Marginalia de Março será uma colecção mais pequena porque irá funcionar em conjunto com a Marginalia de Fevereiro como proposta criativa para explorar. E a partir deste mês as Marginalia passarão a ser em Março, Junho, Setembro e Dezembro. E em Junho, quando chegar a nova Marginalia partilharei, como sempre, os desenhos de Fevereiro e Março e as minhas impressões sobre o processo.
Agradeço a vossa compreensão com tantas mudanças, mas primeiro preciso que este espaço me sirva para depois poder servir a quem o visita e recebe :)
Uma viagem imaginária feita a partir de desenhos, citações, imagens, poemas e sons, um convite para um passeio criativo.
Fazer colecções faz parte de mim, da minha forma de pensar, visual e fragmentada. São uma manifestação da minha curiosidade, junto imagens, leituras, pequenos objectos, folhas, sementes, pedras e galhos, pequenas coisas que formam conjuntos, criam ligações que me ajudam a compreender e integrar-me no mundo à minha volta.
As "marginalia" são uma pequena representação desses pensamentos, descobertas, inspirações, curiosidades, memórias que costumo coleccionar em cadernos, caixas, nos arquivos do computador, na minha cabeça e aos quais regresso constantemente. São algo vivo que faz parte da expressão da minha criatividade.
Demasiadas vezes o correr dos dias, entre afazeres e trabalhos já planeados, afasta-me de uma parte experimental que acho essencial na expressão artística - explorar novos materiais, ideias diferentes, outras formas de ver e desenhar. Desenhar como quando era criança. Sobra-me pouco tempo para essas investigações, feitas livremente, sem objectivos ou ideias pré-concebidas, onde apenas estou presente e faço, experimento, crio. Ultimamente tenho notado que me fazem falta essas bolsas de ar de liberdade criativa que mantêm acesa a nossa curiosidade e nos despertam para novos caminhos. Por essa razão resolvi criar este espaço mensal e partilhá-lo convosco, esperando que talvez desse lado exista a mesma vontade – e, se assim for, sejam bem-vindos!
Todos os meses, na última terça-feira, apresento-vos uma pequena colecção que fiz para este nosso encontro. Junto uma descrição de material que estou com vontade de utilizar, mas não se sintam limitados pela minha escolha. Esta "marginalia" está disponível para ser interpretada de muitas formas e maneiras, podes utilizar toda a colecção ou apenas um elemento, criar ligações entre eles, imaginar novos caminhos, para escrever, desenhar, bordar, fotografar, filmar, tecer, recortar e colar, pintar, filmar, musicar - é apenas um ponto de partida para nos expressarmos e a viagem é vossa, desfrutem!
Esta é a "marginalia" de Março/ This is the "marginalia" for March:
Van Gogh, Roulin The Postman
Van Gogh, Study of trees. Drawing
Van Gogh, Study Peasant. Red pen
In the utter silence
Of a temple,
A cicada’s voice alone
Penetrates the rocks.
“The Narrow Road to the Deep North”
Bashō, translated by Nobuyuki Yuasa, Penguin Books 1966
Da colecção de selos do meu pai, desenhos de plantas, animais e insectos de Moçambique e África do Sul/ From my father’s stamp collection, drawings of plants, animals and insects from Mozambique and South Africa
I begin with a brief prelude to today's Marginalia to talk a little with you about some changes I'm going to make. Since I created this space, and here I speak of Cartas in general and not just of the marginalia, I have been adapting to it. Some adjustments here and there, and over the months I begin to feel it fits me. I like it to be a space of correspondence and sharing, which has become an integral part of my monthly routines and my work. Right now it's only here in the Marginalia where I feel some discomfort. My experience has been fruitful in the practice of drawing, I have explored new materials, ideas, created space every month to draw freely, and all of that has been very positive, but since January I have started to realize that one month was too short a time to dedicate myself to each Marginalia. Drawing practice is something that needs time, precisely because it is a practice, and I have felt that when I start to feel comfortable with a material, for example (it happened to me with fountain pens and India ink), the practice is flowing, different ideas and processes are emerging, the month ends, and another Marginalia begins. It's too short! I need more time to enjoy each Marginalia and to deepen what I am exploring, and for that reason, I will start making the Marginalia every 3 months. So, this March Marginalia will be a smaller collection because it will work together with the February Marginalia as a creative proposal to explore. And from this month onwards, the Marginalia will be in March, June, September, and December. And in June, when the new Marginalia arrives, I will share, as always, the drawings from February and March and my impressions on the process. I appreciate your understanding with so many changes, but first, I need this space to serve me so that I can then serve those who visit and receive it :)
An imaginary journey created from drawings, quotes, images, poems, and sounds, an invitation for a creative stroll.
Collecting is a part of me, of my way of thinking, visually and fragmented. It's a manifestation of my curiosity. I gather images, readings, small objects, leaves, seeds, stones, and branches – little things that form sets, create connections that help me understand and integrate into the world around me. "Marginalia" is a small representation of these thoughts, discoveries, inspirations, curiosities, and memories I usually collect in notebooks, boxes, computer files, in my mind, and to which I constantly return. They are a living part of expressing my creativity.
Too often, the rush of days, between chores and planned work, distances me from an experimental aspect that I find essential in artistic expression – exploring new materials, different ideas, alternative ways of seeing and drawing. Draw like when I was a child. I have very little time for these freely conducted investigations, without objectives or preconceived notions, just being present and doing, experimenting, creating. Lately, I've noticed that I miss these pockets of creative freedom, which keep our curiosity alive and awaken us to new paths. For this reason, I've decided to create this monthly space and share it with you, hoping that perhaps on your side, there's a similar desire – and if so, you are welcome!
Every month, on the last Tuesday, I present you with a small collection I've put together for our encounter. I include a description of materials I'm inclined to use, but don't feel limited by my choice. This "marginalia" is open to various interpretations and approaches. You can use the entire collection or just a single element, establish connections between them, imagine new paths – for writing, drawing, embroidering, photographing, filming, weaving, cutting and pasting, painting, composing music – it's just a starting point for us to express ourselves, and the journey is yours, enjoy!